domingo, agosto 28, 2011

Vítimas do consumismo e da midia

Londres, a capital inglesa, e outras cidades da Grã-Bretanha têm enfrentado nos últimos dias uma revolta de parte da população, numa reprise daquilo que Paris havia enfrentado em 2005. E mais recentemente, em uma proporção muito menor, algumas meninas que atuam na região da Vila Mariana, em São Paulo, ganharam destaque na midia brasileira por demonstrarem seu descontentamento com as políticas públicas e discriminação social. Mais, que uma demonstração de descontentamento, pode-se dizer que seja colocar em evidência, expor aos olhos da opinião pública o que realmente está se passando com a sociedade, seja ela na capital paulista, em Londres ou Paris. As pessoas são expostas ao consumismos e têm seus desejos despertados e que não são contemplados. E alguns ou muitos se revoltam com a situação. É preciso enxergar a sociedade que temos e a sociedade que estamos construindo. Assista ao vídeo abaixo e fique atento ao que diz o sociólogo Silvio Caccia Bava.




Agora vejam e ouçam o que diz o repórter Sílio Boccaneira, em reportagem exibida na Globo News, que os revoltosos não estão saqueando em busca de comida, mas sim de produtos da moda e tecnologias de última geração. Segundo ele, que vivenciou a situação diz que se trata "do consumismo levado às últimas consequências, por quem recebe os mesmo estímulos para comprar mas não tem os recursos para isso.



Agora, uma realidade mais próxima da nossa, que é o caso das meninas de São Paulo, leiam a reportagem públicada hoje, dia 28 de agosto de 2011, pelo Jornal Folha de São Paulo. A reportagem é de Eliane Trindade.

"Infratoras buscam sonho de consumo 'cor-de-rosa'


Meninas de rua vagam na Vila Mariana em busca de celulares e lentes coloridas

Perfil psicológico das infratoras mostra a mesma situação de rua experimentada por suas mães e até avós

ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO

Alisante de cabelo e lentes de contato coloridas são itens visados nos arrastões protagonizados por meninas de rua, com idade entre 9 e 15 anos, nas lojas da Vila Mariana, na zona sul São Paulo.
"Quero ser bonita, tia", disse uma delas para a conselheira tutelar Ana Paula Borges, 29, em uma das mais de 20 vezes em que foi encaminhada para atendimento pela polícia no último ano.
Negras e mulatas de cabelos crespos, elas dizem querer alisar as madeixas para ficarem bonitas conforme padrão de beleza estabelecido. Usam os produtos na rua.
A mudança do visual chega à cor do olhos. Elas furtaram um kit de lente de contato verde de R$ 100. Como não dava para todas ficarem com duas lentes cada, dividiram o pacote. Algumas usavam só uma lente ao serem levadas recentemente à delegacia.
Nas fotos do grupo que ilustram o dossiê das sete garotas no Conselho Tutelar da Vila Mariana, as meninas fazem pose de modelo. Usam casacos rosa e acessórios.
"Como toda criança e adolescente, querem consumir, comer e passear no shopping. Elas pedem. Se não ganham, furtam", afirma Ana Paula.
Elas circulam nos metrôs Paraíso e Ana Rosa em busca dos ícones do consumo infantojuvenil: celulares, especialmente os cor-de-rosa.
"Pego o celular das lourinhas que já olham pra mim com medo", diz a garota negra, gorro rosa. Ela tem 11 anos, não se acha bela. "Bonita, eu? Olha a cor da minha pele", corta, diante do elogio.
O perfil psicológico e socioeconômico do grupo foi desenhado ao longo de uma série de contatos com conselheiros tutelares e monitores do programa Presença Social nas Ruas, da prefeitura.
Todas elas têm um histórico de abandono há gerações. "As mães delas viveram a mesma realidade de rua", diz Kátia de Souza, conselheira.
"É uma segunda e até terceira geração na rua. É como se fosse hereditário", confirma Ana Paula.

FAMOSAS
Desde o início de julho, os furtos das meninas na região começaram a chamar a atenção. Atraídas pela repercussão, outras crianças resolveram fazer o mesmo.
Segunda-feira, cinco meninas e dois meninos fizeram um arrastão num hotel, do Paraíso. Levados ao Conselho Tutelar da Vila Mariana, promoveram também um quebra-quebra no local.
Um terceiro grupo também agiu no Itaim Bibi (zona oeste) na última terça."

Assim, vemos que as pessoas são expostas ao consumismo e que para contemplarem aquilo que lhes é passado como sendo algo que representa beleza e poder, quando não dispõem de recursos financeiros para satisfazer o desejo e ideia de igualdade que a midia lhes passa, acabam buscando meios, mesmo que ilícitos, para satisfazerem os desejos de consumo. Isso gera desesperança e revolta. É claro que nem todos se manifestam da mesma forma, mas há quem reaja com violência, e talvez até mesmo de maneira inconsciente, para conseguir aquilo ou ser igual ao outro.

Agora mais uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, deste 28 de agosto de 2011,

"Prefeitura fechou 15 centros de referência

Especialistas apontam falhas no atendimento

RAPHAEL MARCHIORI

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Nos meses anteriores aos furtos promovidos por crianças na Vila Mariana, Paraíso e Itaim Bibi, a Prefeitura de São Paulo fechou centros especializados em receber jovens recém-chegados das ruas.
Especialistas dizem que essa é uma das causas "aliadas a problemas crônicos de inclusão social" para o aumento de delitos cometidos por crianças em grupo, algo incomum nessa faixa etária.
Em toda a capital, há 2.000 jovens nas ruas, 449 com menos de 12 anos, segundo levantamento de 2010, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Até novembro de 2010, quando começaram a ser fechados, havia 15 Centros de Referência da Criança e do Adolescente (Crecas) e 117 abrigos em São Paulo.
Os primeiros, mais conhecidos como "casas de passagem", serviam para abrigar as crianças temporariamente -de uma semana a seis meses - até que fossem reinseridas na família ou levadas a um abrigo permanente, onde ficam por até dois anos.
A prefeitura foi instada pela Justiça a fazer readequações nos Crecas, separando as crianças mais novas dos adolescentes. Em vez disso, preferiu extingui-los e criar o mesmo número de abrigos.
"Esse é o pano de fundo para a ampliação dessas situações de furto", afirma Ariel de Castro Alves, vice-presidente da comissão de criança da OAB.
Uma conselheira tutelar que prefere não se identificar diz que o fechamento dos Crecas dificultou a adaptação das crianças. "No abrigo tem que estudar, seguir horários e regras. Nem todos em situação de rua aceitam."
"Hoje tem criança chegando algemada em abrigo e isso gera uma violência interna péssima para os que já estão lá", reclama o vereador Floriano Pesaro (PSDB), que criou os Crecas quando foi secretário de Assistência Social, na primeira gestão de Gilberto Kassab.
O serviço, da forma como estava, também sofria críticas. "Nos últimos tempos era mais uma 'faxina' das ruas", diz José Geraldo Pinto, 47, que era coordenador pedagógico do Creca no Ipiranga, fechado em junho. "Mas agora ficou um vácuo."

OUTRO LADO
A Secretaria Municipal da Assistência Social nega que o fechamento dos Crecas tenha causado prejuízo ao atendimento das crianças de rua, porque o número de vagas foi mantido. "A secretaria mantém equipes permanentes de orientadores sociais realizando serviços de abordagem em todas as regiões da cidade."

Nosso comentário:
O que diz José Geraldo Pinto, sobre as políticas públicas serem mais uma "faxina" das ruas do que propriamente a promoção da inclusão, é um fato ser considerado por todos nós. Precisamos rever nossas posições diante do mundo e passar a vê-lo com olhos voltados para os interesses coletivos e não apenas para o individualismo que as políticas neoliberais têm nos proporcionado.


Blog Chance à Paz
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Silvio Luís
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quarta-feira, junho 01, 2011

Aguarde um pouco mais!


Apesar de alguns meses sem atualizar o blog, isso não significa propriamente inatividade. Estamos desde o início do ano trabalhando na busca de parcerias para que o Chance à Paz possa tornar-se muito mais atuante junto à comunidade.
Hoje tivemos uma reunião decisiva para o andamento do projeto. Em breve teremos uma sede com espaço suficiente para a concretização do Chance à Paz. Assim, definitivamente estaremos pondo em prática os própositos que levarão à criação do mesmo. No momento ainda não podemos detalhar o que está por vir, pois há detalhes burocráticos que precisam ser cumpridos.
Porém, diante do que ficou acertado hoje, cremos que nos próximos 60 dias estaremos em condições de expor com detalhes as atividades que permitirão ao Chance à Paz uma atuação mais próxima da comunidade.
Além do espaço, alguns equipamentos e mobiliários já estão praticamente garantidos.
Assim gostariamos de compartilhar com vocês mais está conquista.
Agora, mais do que nunca, vamos juntos construir um caminho de paz!
Muito obrigado a todos que acreditaram no projeto e que de alguma maneira contribuem ou contribuíram para torná-lo realidade. E como um dia disse Raul Seixas "Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade".
Abraços
Silvio Luis

Projeto Chance à Paz


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